A PARÁBOLA DO PROGRESSO

De 26/10/22 a 02/04/23, de terça a domingo no SESC Pompéia, São Paulo, Brasil.

Coordenação curatorial de Lisete Lagnado e Curadoria Adjunta de André Pitol e Yudi Rafael

 




Exposição reflete sobre os ideários de modernidade e independência do país, buscando projetos inclusivos e diversos. Com cinco territórios dialógicos, apresenta a vocação de reunir forças sociais em ambientes acolhedores para suas comunidades. Um conjunto que marca o 40º aniversário desta unidade, inaugurada em 1982, palco para a cultura, o lazer, o bem-estar social e a saúde, qualidades e valores a serem resgatados nesse momento de distopia global.

A efeméride coincide ainda com o bicentenário da Independência do Brasil (1822) e o centenário da Semana de Arte Moderna de São Paulo (1922), duas datas históricas que atravessam a concepção do projeto, inserido na programação “Diversos 22” do Sesc São Paulo. A coordenação curatorial é da crítica Lisette Lagnado, com os curadores associados André Pitol e Yudi Rafael. Com o objetivo de discutir o legado de Lina Bo Bardi para o Sesc Pompeia, um dos ícones arquitetônicos mais vibrantes da cidade, a curadoria traz outras referências para somar camadas vivenciais e sociais ao projeto. Sendo assim, cinco “espaços dialógicos” participam da exposição, cada um com uma singularidade própria: o Acervo da Laje (subúrbio ferroviário de Salvador, BA), a Aldeia Kalipety (São Paulo, SP), a Casa do Povo (São Paulo, SP), o Quilombo Santa Rosa dos Pretos (Itapecuru Mirim, MA), e Savvy Contemporary – the Laboratory of form-ideas (Berlim, Alemanha).

Em contraposição à derivas autoritárias e demagogas, diferentes forças sociais têm conseguido entretanto se organizar e gerar espaços de hospitalidade aptos a amparar sua comunidade. Sabendo articular a produção cultural dentro de uma perspectiva de cuidados, sensibilização e convivialidade, esses cinco centros de encontro, implantados agora dentro do Espaço de Convivência do Sesc Pompeia, reforçam sua transformação em “cidadela”, ampliando o desejo do Sesc São Paulo quando convidou Lina Bo Bardi e sua equipe para os trabalhos de recuperação da fábrica industrial de tambores: “construir uma outra realidade”. Operam como condutores de esperança dentro da parábola do Positivismo, chamada para ilustrar a mítica relação desse “país do futuro”, desde sua colonização e o tráfico afro-atlântico, passando por diversos fluxos migratórios que construíram a idílica imagem de uma nação hospitaleira, terra abençoada por uma natureza exuberante, a generosidade e expansividade emocional de um povo que teria encontrado sua felicidade na mestiçagem de suas raízes. Conhecido pela valorização da cultura popular, o trabalhode Lina Bo Bardi adquire também novas inflexões hoje na esteira dos estudos decoloniais atentos ao reconhecimento de diferentes graus de extrativismos e silenciamentos.








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