REPRESENTANTES

2014, Berlim. Instalação com diversos materiais de dimensões variáveis e leitura performática.

Em "Pornographie du temps présent", o filósofo Alain Badiou descreve a Democracia como o maior fetiche contemporâneo do mundo ocidental. Ao contrário de pensá-la como uma ficção do Poder sob a participação da demos, ou como uma forma de efetiva soberania do povo, a democracia é apresentada pelo filósofo como fantasmagoria da liberdade pública baseada em uma vivência política limitada a cômodas participações pontuais da grande maioria.

Inspirados em movimentos como a Primavera árabe, os Indignados da Espanha e o Occupy Wall Street, manifestações populares tomaram conta das ruas de cidades em todo o Brasil em Junho de 2013. As reivindicações, a princípio contra um aumento no valor do transporte público, logo tomaram maiores proporções. Os protestos foram duramente reprimidos pelo Estado e sua segurança militarizada visivelmente despreparada para o diálogo. Durante os meses seguintes a cidade do Rio de Janeiro se tornou um dos epicentros das manifestações brasileiras, e no carnaval deste ano teve sua festa mais tradicional transformada em mais um momento de expressão política popular. Tradicionalmente conhecido por ocupar as ruas do país com a anarquia da folia, prazeres e excessos, suspendendo leis e ordens, transfigurando personagens em fantasias capazes de inverter temporariamente papéis sociais, o carnaval de 2014 incorporou discursos críticos em meio a festa popular. Discursos que arriscaram-se em outras possibilidades de vivência política e participações sociais, desafiando a sua maneira o modelo democrático e seus limites.

A exposição REPRESENTANTES é o resultado da minha presença neste carnaval de 2014 no Rio de Janeiro, diante dos diversos encontros e experiências com a multidão.
































© 2021 Barbara Marcel