VULTURE
20.04.2021-20.05.2021, Berlim. Intervenção artística nos outdoors da estação de metrô U1 Kottbusser Tor (Kreuzberg - Berlim)
20.04.2021-20.05.2021, Berlim. Intervenção artística nos outdoors da estação de metrô U1 Kottbusser Tor (Kreuzberg - Berlim)
SÜDSTELLIUM é um projeto concebido por Matheus Rocha Pitta, Ana Hupe e Barbara Marcel, que propõe transmissões e colaborações com artistas residentes no Brasil. Como fruto desses diálogos, três imagens ocuparam outdoors do metrô U1 na estação Kottbusser Tor em Berlim entre 20.04 e 10.05.2021.
Em um diálogo com Vândria Borari, Barbara Marcel se pergunta como é possível imaginar o céu de Alter do Chão a partir da cidade de Berlim.
E se, para ver os céus caídos da Amazônia, fosse preciso olhar para o solo, para a argila e a cerâmica encontradas nas margens do rio Tapajós? Em uma visita ao Museu Etnográfico de Berlim em 2019, a convite de Barbara Marcel, a também artista, advogada e ativista indígena Vândria Borari teve contato, pela primeira vez, com a coleção de arte pré-colombiana localizada em Berlim. Em meio à grande coleção de peças sul-americanas do museu, Vândria encontrou vasos tapajônicos, amuletos e fragmentos de cerâmica, cultura material de seus antepassados. A colagem resultante dos diálogos entre as duas reúne um dos vasos da coleção de Berlim; desenhos do etnólogo germano-brasileiro Curt Niemuendajú de uma das mais antigas pinturas rupestres da Amazônia, localizada no sítio arqueológico de Monte Alegre, Pará; e uma fotografia de Barbara Marcel de abutres banhados pelo sol na praia de Carauarí, em Alter do Chão. Segundo a cosmologia tapajônica, os abutres são animais capazes de conectar o mundo imanente com o reino transcendental. Considerados como agentes funerários em algumas culturas ao redor do mundo, eles continuam sendo importantes cuidadores interespécies no equilíbrio ecológico dos biomas amazônicos, assim como animais sagrados para o povo indígena Borari. No vaso de cerâmica tapajônica adquirido pelo Museu de Berlim em 1932 pelo ex-diretor do museu, o historiador de arte Erich Wiese, vemos figuras femininas de mulheres cariátides sustentando a base do vaso bem como abutres na parte superior da peça. O projeto de colaboração entre Vândria Borari e Barbara Marcel é parte de um projeto de longo prazo sobre cerâmica tapajônica em museus europeus e um filme que está por vir.




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