AGROPOETICS

O solo é um corpo inscrito. Sobre Soberania e Agropoéticas (Savvy)

Projeto de pesquisa, performance e exposição com Dina Amro, Archipel Stations Community Radio, Luis Berríos-Negrón, Filipa César com Ahmed Isamaldin e Ali Yass, Binta Diaw, Leone Contini, INLAND, Raphaël Grisey, Mia Harrison, Zayaan Khan, Yen-Chao Lin, Barbara Marcel e Ana Hupe, Julia Mensch, Pedro Neves Marques, Cedric Nunn, Elia Nurvista, Uriel Orlow, Lerato Shadi, Bouba Touré, Hervé Yamguen.

31.08.– 06.10.2019, Berlim




O SOLO É UM CORPO INSCRITO. SOBRE SOBERANIA E AGROPOÉTICAS é um projeto que examina tanto as lutas anticoloniais do passado como os atuais conflitos de terra pelo mundo para resistir à invasividade do neo-agro-colonialismo e sua lógica extrativista. Germina através de uma série de leituras, intervenções e oficinas, e se materializa em uma exposição (30.08.-06.10.2019) e um programa performático/discursivo no SAVVY Contemporary (13.09.-15.09.2019). O projeto busca momentos dispersos, porém conectados, de polinização cruzada entre estratégias artísticas e iniciativas agroecológicas de escalas moleculares a geopolíticas.

Refletimos acerca da devastação das paisagens naturais pelo Estado e pelo capital, bem como acerca das formas de autodeterminação e autonomia realizadas pelas comunidades locais como uma rejeição ao modelo capitalista e colonial de agricultura, engajando-se em uma análise crítica de certas epistemologias técnico-científicas e práticas biopolíticas. Da aldeia das mulheres livres de Jinwar em Rojava ao trabalho de comunidades como a Associação para o Desenvolvimento Integrado da Mulher (ADIM) em Guiné-Bissau e o ativismo agroecológico da aldeia Beni Aïssi no Marrocos, entre outras, estamos aprendendo com essas possibilidades de promulgar práticas agrícolas cooperativas e uma vida comunitária alternativa, de cultivar e construir espaços vivos de emancipação e libertação. E, no entanto, a agricultura também está sendo armada como guardiã da identidade nacional: as relações entre sangue e solo, entre identidade e terra estão sendo essencializadas e feitas de terreno para argumentações xenófobas e construções paranóicas do "outro".

Como as alianças anticoloniais e ambientais podem se alimentar umas às outras? Como podemos manter emaranhados interespécies e futuros polifônicos multidirecionais? Como podemos transformar ruínas, erosões e paisagens danificadas e adotar táticas de precariedade para tornar a vida possível apesar da ruína econômica e ecológica?

O solo é um corpo inscrito, um terreno cicatrizado, uma multidão de organismos que guardam um histórico de erosão. É um recipiente e um espaço de encontro para as coletividades. Este projeto é um campo experimental para o envolvimento artístico com o solo como embarcação, corpo e transportador para futuros especulativos e colaborativos. Exploramos isso através das práticas de artistas como Bouba Touré, Raphaël Grisey, Julia Mensch, Filipa César e Inland, que estão trabalhando diretamente com iniciativas agroecológicas envolvidas em lutas pela soberania da terra em Mali, Argentina, Guiné-Bissau e Espanha. Elia Nurvista, Pedro Neves Marques e Uriel Orlow estão trabalhando em complexos corpos de trabalho e pesquisa em torno dos padrões extrativistas e violentos do neocolonialismo e da xenofobia criados em torno das práticas agrícolas e migrações de plantas, enquanto Barbara Marcel e Ana Hupe apontam para tecnologias indígenas que desafiam estas práticas.











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