ENTRE A RUA E O MORRO, UM JARDIM

2014, Rio de Janeiro, Berlim. Vídeo-instalação de três canais, projeção vertical, cor, som, 30 min, Full HD.

A sete metros acima da Rua Camerino, quatro estátuas em mármore Carrara branco, representando deuses da mitologia greco-romana, observam os passantes cariocas todos os dias no bairro da Saúde, Rio de Janeiro. A alguns metros acima delas, moradores do Morro da Conceição se organizam para não perderem a vista da Baía de Guanabara e o direito de permanecerem no local, mesmo com a crescente gentrificação na região portuária. Entre a Rua Camerino e o Morro da Conceição, um jardim vertical de estilo romântico, construído no início do século XX durante a chamada “Belle époque” brasileira, abriga também o primeiro Mictório público da cidade e uma das primeiras casa da guarda do Rio de Janeiro. Após ter sido abandonado por décadas, o jardim acaba de ser restaurado em 2012 e desde então faz parte do “Circuito Cultural e histórico da Herança africana no Brasil”, sendo visitado por turistas de todo o mundo. Na rua em frente ao jardim, prédios antigos que até o final do século XVIII abrigavam mercados escravos e “casas de engorda”, são derrubados para dar lugar a um conjunto de arranha-céus empresariais e museus, segundo o projeto urbanístico “Porto Maravilha” da futura cidade olímpica.

A história do Jardim do Valongo, é atravessada por muitas histórias da cidade do Rio de Janeiro. Ao refletir a forma do jardim na forma de produção de imagens sobre ele, a vídeo instalação investiga as possíveis semelhanças e diferenças entre o contexto social e histórico da criação do jardim em 1906, e sua restauração em 2012. Partindo da atual materialidade do jardim e dos diferentes objetos encontrados sobre ele, o vídeo propõem em 4 capítulos, uma confrontação de diferentes tempos históricos que coexistem na relação entre o jardim e seu entorno.












































© 2021 Barbara Marcel